“Todo dia eu tenho que decidir, de novo, continuar” Publicado em: 9 novembro 2018 ás 15:05:56
Em entrevista à CADESC, Helena Raquel fala sobre a perda de 47 quilos
Por Monique Suriano
Referência no quesito pregação da Palavra de Deus no país, a pastora Helena Raquel, 40 anos, ultimamente tem chamado atenção pela mudança radical nos hábitos alimentares. Ela iniciou uma reeducação alimentar, acompanhada pela Dra. Denise Portugal, e começou a frequentar a academia de musculação, o que já lhe rendeu a perda de 47 quilos. Em sua página dedicada a dar dicas para o universo feminino, @dicasdalena, ela tem sido inspiração para muitas mulheres. A pastora Helena Raquel é pregadora itinerante há 16 anos e é casada com o pastor Eleomar. Juntos presidem a Igreja Assembleia de Deus Vida na Palavra (ADEVIP) no município de Queimados-RJ. Confira a entrevista onde ela fala sobre o início do seu ministério, sobre vida conjugal e sua experiência com a balança.
CADESC: Você lembra da sua primeira pregação?
Prª Helena Raquel: Eu comecei a pregar por intermédio do meu avô, que sempre teve um ardor evangelístico. Ele comprou uma caixinha de som e um microfone, colocou na varanda, e deu na minha mão. Aí eu comecei mal (risos), comecei gritando com os vizinhos: ‘Não vejam novela!’, porque eu queria ser uma pregadora que exortasse (risos). Eu era bem criancinha nesta época, mas eu não fui uma pregadora mirim. Depois dessa fase, eu entrei na fase da timidez. Eu não queria falar mais na igreja, lia um versículo e saía correndo. Então a minha avó vinha falar comigo: ‘Lê o versículo e diz alguma coisa’. E aí eu fui tentar fazer isso, mas não deu muito certo; uma vez eu li no Salmo 100 “Celebrai com júbilo ao Senhor” e achei que tinha alguma coisa a ver com cérebro. Aí eu falei que os irmãos tinham que usar a cabeça para adorar a Deus (risos).
CADESC: E quando foi que o seu ministério começou?
Prª Helena Raquel: Com 14 anos de idade eu recebi o primeiro convite para pregar fora. Dos 14 aos 24 eu pregava esporadicamente. Com 24 anos eu comecei a viajar pelas igrejas do Brasil e aí são 16 anos na estrada.
CADESC: Você não tem filhos por escolha ou alguma impossibilidade?
Prª Helena Raquel: Durante algum tempo por escolha, agora não mais. Agora eu estou desejando, me preparando fisicamente para esse momento, e esperando em Deus que ele me dê essa bênção. Durante muito tempo eu achava que não deveria me preocupar com isso, até porque fisicamente eu não estava vivendo um momento favorável. Meu sobrepeso seria um risco muito grande, então eu comecei pelo cuidado comigo. E agora eu estou nessa guerra diária com a balança e me preparando para o bebê.
E como foi esse seu processo de emagrecimento?
Eu sentia muito o cansaço que a obesidade dá. Mas, graças a Deus, eu não desenvolvi nenhuma patologia grave por causa da obesidade. Na verdade, eu sempre quis, a vida toda, emagrecer. Mas eu nunca tive uma atitude concreta, todas as vezes que eu começava alguma dieta eu não sustentava. O grande problema da obesidade é sustentar a decisão. Eu orei durante muito tempo, e um dia eu recebi uma palavra da pastora Fernanda Brum e ela disse assim: ‘Deus vai dar o start na sua vida e você vai voltar ao modelo original’. Eu pensava que era algo relacionado ao ministério, e não era. Uns três meses depois eu procurei uma médica e o livro que ela estava lançando naquele ano era “Start para o bem-estar”. Quando vi aquela palavra start, eu lembrei na hora da palavra que a pastora Fernanda usou, então entendi que Deus estava querendo dizer que esse start era na minha saúde. Foi aí que eu tomei a decisão e me mantive na decisão. Eu não deixei de ser quem eu era, eu continuo gostando de comer o que eu comia. Mas todo dia eu tenho que decidir, de novo, continuar.
Sua experiência está motivando muita gente, certo?
Sim. Amigos e pessoas que me seguem nas redes sociais que já estavam indo para a bariátrica repensaram: ‘Se a Helena conseguiu sem a bariátrica, será que eu também não consigo?’. Até agora já são 47 quilos perdidos, eu estou rumo aos 50. Sem cirurgia, sem nenhuma fórmula mirabolante, só com reeducação alimentar e determinação. O processo terapêutico também foi muito importante nesse processo.
Você se sente mais feliz agora?
Muito mais feliz! Você não tem noção de quanto o seu peso te pesa, até você se livrar dele. Aí você se descobre melhor em várias áreas. Eu não era uma pessoa depressiva por causa disso, sempre gostei de me arrumar, mas agora eu me sinto muito melhor, muito mais confiante. Os problemas com refluxo desapareceram, eu ganhei mais força vocal; emagrecer me ajudou em muita coisa.
Falando sobre ministério: alguma pregação marcou a sua vida ministerial?
Teve uma ministração que pra mim foi muito forte. Foi quando eu preguei no Congresso Gideões Missionários em 2012 e contei um pouco da minha história com meu esposo. Eu disse sobre a importância de valorizarmos alianças. Porque as vezes a pessoa caminha com o outro, o pseudo sucesso chega, e a relação termina. E eu disse que eu não podia esquecer de tudo que eu vivi com ele, de quando andávamos em uma Kombi furada e eu tinha que levantar os pés quando passava por uma poça de lama, porque a lama entrava dentro do carro. Pra mim foi um momento de profunda emoção, porque eu representei lá tantas outras esposas que viveram coisas muito duras para que os ministérios dos seus maridos tivessem êxito. Atrás de uma história de sucesso tem também uma história de perseverança.
O que é mais difícil no casamento?
Eu acredito que a aceitação do outro em sua plenitude. Eu acho que esse é o desafio do casal. Quando você casa com alguém é porque uma série de coisas nessa pessoa te cativou, mas sempre vai haver coisas nessa pessoa que é contrária à sua criação, às suas ideias, à sua personalidade. E durante os primeiros anos do casamento, por imaturidade, a gente vai tentar mudar isso. Mas quando você alcança a maturidade descobre que no pacote do amor está a aceitação do outro na sua plenitude. Ninguém muda ninguém, a gente se aperfeiçoa. Mas se alguém está casando com o objetivo de mudar o outro, esqueça; isso não vai acontecer. Você vai aprender a amar o ser completo e isso é bem desafiador, mas é maravilhoso também.
Você é um grande exemplo para as mulheres que se identificam com o ministério da pregação. Como é sua rotina de estudo e meditação da Palavra de Deus?
Eu busco sempre ler a Bíblia de forma completa. Um capítulo após o outro. Então a cada versão da Bíblia que eu compro, eu começo a leitura despretensiosamente para que eu seja alimentada, edificada. E quando alguns pontos interessantes vão surgindo, como se saltassem da página, como se Deus chamasse a minha atenção, eu vou marcando esses pontos. No momento em que eu estou estudando para pregar eu revisito esses pontos que já estão marcados e leio o mesmo texto em várias versões, buscando também comentários sobre aquele texto. Mas lembrando sempre que quem dá a Palavra é o Senhor, técnica cada um tem a sua. Agora, a leitura da Bíblia é indispensável, você não vai ter a revelação para aplicar as escrituras se você não a ler.
Tem algum versículo da Bíblia que é o seu xodó?
Tem. É o último versículo do Salmo 23: “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias”. É o versículo da minha vida e o meu pedido a cada aniversário.