“…se a pessoa de fato conheceu Jesus, ela vai querer levar outros a conhecê-lo também”
Publicado em: 5 janeiro 2021 ás 17:28:52
Afirma o pastor Antonio Orestes em entrevista sobre o papel do cristão como discípulo de Cristo
O pastor Antonio Orestes da Silva Junior, de 31 anos, é um grande conferencista que tem alcançado milhares de vidas através da pregação da Palavra de Deus. Ele congrega na sede da Assembleia de Deus Vitória em Cristo no Rio de Janeiro, é casado com Tania Maria e tem um casal de filhos. Na entrevista concedida à Cadesc, após sua ministração no 26º Congresso de Adolescentes da Catedral das Assembleias de Deus em Santa Cruz, ele conta como foi seu caminho no ministério desde quando se converteu, há 15 anos, até tornar-se pastor. E explica como um cristão se torna um discípulo de Cristo e o que deve corrigir para mudar de vida. Leia na íntegra.
Cadesc: Como foi que o senhor se converteu? Sua família era evangélica?
Pr. Antonio Orestes: Eu me converti numa sexta-feira de Carnaval, tinha 15 anos de idade. Me convidaram para ir ao culto, eu aceitei a Jesus lá, e nunca mais quis saber de mais nada do mundo. Sou convertido desde 2005, então 15 anos de conversão. Algumas pessoas da minha família já eram convertidas, por exemplo, minha mãe sim, meu pai não e alguns irmãos já estavam na fé, outros não. Ainda não são todos convertidos hoje, mas já frequentam a igreja, nós somos uma família grande.
Cadesc: Como foi a caminhada para o ministério?
Pr. Antonio Orestes: Acho que a palavra chave foi “se lançar” com desejo e paixão pelas coisas de Deus, se envolver. Como eu era novo e não tinha compromisso com nada, eu me cerquei de compromissos do reino de Deus, como abrir a porta da igreja, fazer cultos domésticos e ao ar livre. Eu sempre gostei de Escola Bíblica e de acompanhar o pastor.
Cadesc: Como foram os degraus para se consagrar a pastor?
Pr. Antonio Orestes: É um caso até engraçado. Eu era diácono e um dia a filial de Jacupema, na Penha, precisava de um diligente e o pastor da época perguntou ao saudoso pastor Carlinhos se tinha alguém e ele disse: “Velho não tem, mas tem um menino lá que pode dirigir essa igreja”. Eu já era casado nessa época, acredito que se eu tivesse solteiro, não teria dirigido a igreja, não teria a maturidade que precisava para chegar até onde eu cheguei.
O que mudou depois da consagração?
Uma briga comigo todo dia em busca da excelência, buscar um diferencial e deixar um legado pois daqui a pouco vai passar meu tempo e eu não vou poder fazer certas coisas que agora eu posso. Penso em como posso ir além, como alcançar os grupos que não estou alcançando.
Na sua opinião quais são as evidências de que um cristão é um discípulo de Cristo?
Primeiro, tem a ver com a dependência do Espírito Santo. Segundo, permanecer diante da Palavra. Quem diz que eu sou discípulo é a Bíblia. Eu posso me auto denominar, mas se eu não fizer o que a Bíblia diz, eu não sou. E terceiro, a paixão de levar outros a serem discípulos. Veja bem, se você for ao shopping e encontrar uma boa loja, você vai recomendá-la aos amigos, se a pessoa de fato conheceu Jesus, ela vai querer levar outros a conhecê-lo também. Não tem jeito, quando algo é bom, você quer que outros experimentem.
Então nem todo cristão é um discípulo?
Hoje em dia vivemos um dilema onde as pessoas são rotuladas, mas se ele é cristão e nasceu de novo, ele tem que ser discípulo.
Um versículo ou um palavra que represente essa intimidade que um discípulo tem com Deus?
Salmos 119.105. Esse foi o primeiro trecho da Bíblia que eu gravei ainda criança e nem era crente. Eu fui num culto que minha vizinha me levou e fiquei em uma sala para crianças e a cuidadora escreveu esse salmo no quadro, lembro dessa cena até hoje. “Lâmpada para meus pés é a tua Palavra e luz para o meu caminho”. É o melhor trecho da Bíblia para mim.
Que atitudes diárias do cristão evidenciam que ele realmente é um discípulo?
Eu costumo orar a Deus que não quero apresentar as pessoas sobre Deus, quero apresentar as pessoas à Deus. Não precisamos saber 300 versículos ou ler a Bíblia o dia todo. Usando o exemplo da mulher samaritana, ela não tinha tempo nenhum de conhecimento da Bíblia e nem era batizada no Espírito Santo, mas quando ela ouviu Jesus falar, ela largou tudo e foi à cidade falar d’Ele, ela foi apresentar aquilo que a tocou. Muita gente está na igreja mas ainda não conhece o Deus da igreja.
O que você acha do crente que só se relaciona com Deus no culto?
Superficial. Vários motivos podem causar isso, as pessoas as vezes podem estar preocupadas com outras questões da vida lá fora, podem estar na igreja apenas pelo ambiente social, conhecem todos os membros mas não Deus. É uma vida superficial, faltam três coisas na vida de quem é assim: oração, palavra e evangelismo. É uma coisa que eu ensino para meus filhos, assim que acordar, antes de ver TV ou qualquer coisa, leia a Bíblia e ore e à noite ensino outro versículo. O cristão não gosta da palavra hábito mas ela é importante, Daniel orava três vezes ao dia, ele tinha o hábito e a hora certa para ler a Palavra, orar e agradecer. Você precisa de um tempo reservado para buscar à Deus, sejam 5, 10, 15 minutos, vai de cada um.
Se uma pessoa entende que ainda não é um discípulo de verdade, por onde ela deve começar para mudar de vida?
Vou dividir em duas partes. Primeiro, usando o caso de alguém que frequenta os cultos mas ainda não tem uma comunhão profunda, ele precisa firmar o compromisso com Cristo para criar uma comunhão. Segundo, o caso de alguém que tem uma vida rasa na fé, eu diria que ele deve procurar conhecer a Deus e perceber o quanto Ele tem para oferecer à ela. Jó tinha medo de se desenvolver mais com Deus e perder muita coisa, mas o que ele não percebia é que Deus tinha mais para ele do que ele tinha para fazer.