“Eu via as crianças sendo batizadas durante o hino da harpa. Hoje é praticamente um milagre um jovem ser batizado com Espírito Santo”, diz pastor Humberto Barbosa em entrevista à CADESC Publicado em: 17 junho 2019 ás 13:35:47
Por Monique Suriano
O pastor itinerante, Humberto Barbosa, da ADVEC do Recreio, falou à equipe de reportagem da CADESC sobre a diferença entre os jovens cristãos da igreja atual e os de sua época de conversão, há 20 anos. Ele pontoou positivamente a mudança no uso das vestimentas e criticou o comportamento espiritual da geração atual. O pastor Humberto Barbosa é casado, morador da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e pai de um casal de filhos. Na entrevista, ele fala da experiência de ter pai e irmão pastor, e mãe não crente. Ele fala sobre a sabedoria do pai e deixa dicas para os esposos de mulheres não convertidas. Leia na íntegra.
CADESC: Como foi sua experiência de conversão?
Pr. Humberto Barbosa: Com 12 anos, eu fui apresentado ao baile funk e fiquei vislumbrado. Eu morava em São João de Meriti e fiquei nessa vida até os 17 anos. Um certo dia, o meu irmão mais novo, que tinha se convertido há um mês, me convidou para participar de um culto jovem; eu relutei bastante, mas acabei indo. Quando dei conta, já estava lá na frente chorando. Eu tive a minha vida transformada aos 17 anos.
CADESC: E o que é mais difícil quando um jovem se converte?
Pr. Humberto Barbosa: Foi uma luta muito grande para mim ver outros jovens indo pular Carnaval e eu ficando na igreja. Eu via os jovens “curtindo a vida” e eu, na flor da idade, compromissado com a igreja. Na época, a rigidez era bem maior. Eu via os jovens usando bermuda, e a gente não podia usar de jeito nenhum. Esses desafios da juventude são inevitáveis e, graças a Deus, consegui vencer.
CADESC: E como foi que você começou a pregar?
Pr. Humberto Barbosa: Depois de uns três anos de conversão, eu já comecei a pregar. Na época, o meu pastor percebeu o chamado e pagou o seminário pra mim. Hoje já são 17 anos pregando.
Como é sua agenda hoje?
Eu tenho uma agenda muito corrida. Viajo bastante. Eu não sei até quando vou aguentar, porque é realmente muito desgastante. Eu sinto muita falta dos meus filhos. Às vezes, eu até prefiro que minha esposa não ligue, não deixe meus filhos mandarem mensagem, porque eu fico no hotel chorando de saudade. Muitas pessoas vislumbram o ministério da pregação, mas não sabem das renúncias que a gente vive; quantos sábados, feriados, aniversários sacrificados pelo Reino de Deus.
A igreja mudou muito, mas algumas denominações ainda priorizam o uso obrigatório do terno. O senhor acha que isso é um fardo para o homem cristão?
Eu respeito muito essa questão das visões. Eu faço parte de uma denominação que acabou de liberar o uso de roupa comum aos domingos, pode ser calça jeans, blusa pólo, blusão social. Não existe mais a obrigatoriedade do terno. Mas eu respeito a visão de cada um. Vejo que, na minha época de jovem, muitos optaram por outras denominações ou foram para o mundo por conta dessa restrição no vestuário. Essa evolução da igreja está fazendo muito bem. Por outro lado, vejo que nós perdemos algumas coisas: o compromisso, a sede por Deus. Eu via as crianças sendo batizadas durante o hino da harpa. Hoje é praticamente um milagre um jovem ser batizado com Espírito Santo. Eu tenho visto os jovens de hoje com uma vida espiritual muito rasa.
Na sua família, você, seu irmão e seu pai são pastores, mas sua mãe não é crente. Compartilhe essa experiência?
Pois é, meu pai já tem trinta e poucos anos de caminhada e minha mãe ainda não aceitou a Jesus. Nós estamos nessa guerra em oração para que ela se converta. Eu percebo a sabedoria do meu pai em vários momentos. Há cultos de que, às vezes, ele não participa para estar com ela e fechar a brecha. Às vezes, ele vai com ela a algumas festas contrariado. Em determinadas situações, ele se cala. Ele evita determinados assuntos em casa que envolvam a igreja, para que ela não tenha aversão à igreja. Infelizmente, hoje, pela nossa religiosidade, se virmos um irmão num bar, a gente já se escandaliza e condena a pessoa. Quando na verdade, Jesus ia a esses lugares, Ele comia com pecadores. Tem festa no nosso quintal lá, que a minha mãe convida todas as amigas dela e coloca pagode para tocar. O meu pai senta lá do lado dela. Acho que a gente precisa ter mais sabedoria, e adotar a postura de ser luz.
Seu pai não obrigada sua mãe a ir à igreja?
Não. Ele convida, fala de Jesus e sobre a importância da salvação em momentos oportunos, mas não impõe nada.