Após acidente com 13 mortos, escola volta às aulas em Borborema

Publicado em: 3 novembro 2014 ás 10:52:41

Diretoria convocou psicólogos para ajudar alunos e professores.
Acidente entre carreta e ônibus de estudantes foi no dia 27.

 

Estudantes da Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto, em Borborema (SP), voltaram às aulas nesta segunda-feira (3), após quatro dias de luto pela morte das 13 pessoas no acidente entre uma carreta e um ônibus na noite do dia 27. A tragédia abalou a cidade com cerca de 15 mil habitantes. O acidente tirou a vida de oito estudantes e três professoras da unidade de ensino, além de uma diretora de outro colégio e de uma fotógrafa que acompanhava a excursão do grupo a São Paulo.

A Diretoria Regional de Ensino mobilizou uma equipe de 24 profissionais – entre psicólogos e assistentes sociais – para prestar auxílio a alunos e professores.

De acordo a representante da Diretoria Regional de Ensino, Leda Maria Zanardi Miguel, a equipe pedagógica optou por promover atividades lúdicas com os alunos, principalmente da sala 3º A, onde cinco das sete vítimas estudavam.

“Todas as salas receberam monitores com o objetivo de confortar todos os alunos e professores. Nesta semana eles trabalharão formas de vivenciar esse luto, de colocar para fora toda a tristeza e saudade que eles estão sentindo. Por isso, convocamos a quantidade de profissionais da rede, professores com formação em psicologia para fazer esse trabalho”, explica.

Segundo ela, os profissionais permanecerão na escola durante toda a semana.

‘A vida é uma viagem’
Os portões da escola foram abertos às 7h. Vestindo camisetas com fotos dos amigos, os estudantes foram chegando aos poucos. Alguns levaram rosas para homenagear as vítimas.

Na sala do terceiro ano uma roda foi feita para que os alunos contassem a experiência da viagem a São Paulo e unissem forças para seguir em frente. Murais também foram colocados nos corredores e um altar foi montado logo na entrada, no lugar das bandeiras com fotos das vítimas, estudantes e professores.

A frase postada em uma rede social pelo estudante José Vinicius Anzolin um dia antes de sua morte também estampou cartazes e camisetas. Ele, que era o mais novo entre as vítimas, com 15 anos, publicou uma foto com a frase “Esta vida é uma viagem. Pena eu estar só de passagem”. No dia seguinte à tragédia,muitos amigos se mostraram espantados com a “despedida” postada pelo jovem.

Ainda bastante abalada, a diretora da escola afirma que, apesar de toda a tristeza, os alunos estão calmos e aceitaram bem as atividades. “É claro que algumas pessoas não conseguiram segurar a emoção, é um momento muito difícil para todos nós. Ninguém imaginava passar por uma tristeza tão grande e o que nos dá força para continuar é ver a coragem deles. Esta semana vai ser o nosso momento de recomeçar”, diz Rosângela Daniela Mantovani.

Gabriela Gutierrez, de 16 anos, era uma das estudantes que participou da excursão. Ela estava em outro ônibus e diz que foi difícil encontrar forças para ir à escola. “Eu estava em outro ônibus e percebi que aquele que não voltava. Achei muito estranho, mas não dei muito importância porque os veria na escola. É difícil voltar para o lugar onde a gente estudou junto a vida inteira”, conta a jovem.

Keyla Fonseca também usava a camiseta em homenagem aos amigos. Muito próxima da jovem Gabriela Cristina da Silva, que morreu no acidente, a jovem lembra que desistiu da viagem na última hora. “Ela queria muito que eu fosse, queria que eu sentasse no banco ao lado dela, mas não deu certo. Vou sentir muita falta da minha amiga”, desabafa.

Dia de Finados
O primeiro Dia de Finados após o trágico acidente que matou 13 pessoas, entre elas estudantes e professoras de Borborema (SP), foi de muita emoção e homenagens no Cemitério Municipal. A tradicional missa que é realizada todos os anos nessa data teve orações especiais às vítimas doacidente que envolveu um ônibus, que voltava de uma excursão dos estudantes e professores da escola Estadual Dom Gastão, e uma carreta carregada com óleo vegetal na Rodovia Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304) em Ibitinga.

Investigações e nova versão
A polícia investiga as causas da colisão entre o ônibus e a carreta. Testemunhas disseram que o motorista do caminhão teria invadido a pista. Com o impacto da batida, o ônibus teve a lateral arrancada. No entanto, o caso ganhou um novo capítulo com a entrevista ao TEM Notícias deum caminhoneiro que diz ter visto o acidente.

Na versão dele o motorista do ônibus teria entrada da faixa contrária e causado o choque. A testemunha seguia em um caminhão logo atrás da carreta envolvida no acidente. “Andamos por alguns metros pareados, eu na adicional e ele na faixa comum, metros antes de começar a descida. Como ele estava um pouco na frente, desceu primeiro do que eu. Quando cheguei na metade da descida não vi em momento algum ele sair da faixa ou fazer gracinha com a carreta. Ele desceu alinhado. Na hora que ele começou a subir ele percebeu alguma coisa na frente dele. Tinha um farol na frente dele. Foi onde ele limpou totalmente na esquerda tentando escapar de alguma coisa. Mas até nesse momento que ele limpou para a esquerda estava alinhado comigo, que estava atrás dele. Não tem hipótese alguma de ele estar na pista contrária. Depois disso eu vi aconteceu a explosão”, conta.

Ele afirma ainda que o ônibus estava em 45 graus parado na pista contrária, a da esquerda, onde seguia o caminhão e não tinha sinal que o veículo tinha sido arrastado. “Consegui chegar no ônibus. Ele estava 45 graus, mas presta bem atenção: na mão da carreta. Não tem sinal dele ter sido arrastado. Ele bateu e cortou, e carreta foi embora”, completa. O caminhoneiro também contou que chegou a conversar com o motorista do ônibus.

“Falei, o tio, o que o senhor aprontou? Ele meio dopado, com a cabeça fora de si por causa da tragédia. Ele desceu, a gravata dele não tinha nada, a roupa não tinha sinal nenhum de sangue. Ele desceu e foi para baixo junto com as meninas que estavam aglomeradas na baixada. Foi onde eu passei do outro lado e vi o resultado da tragédia”.

O delegado Carlos Alberto de Oliveira está à frente do caso e falou sobre as possíveis causas do acidente. “Aparentemente seria o motorista do caminhão que teria invadido a pista contrária com a pista do ônibus e possivelmente o ônibus, na tentativa de se desviar, tentou desviar, mas mesmo assim acabou ocorrendo a colisão”, informou. No entanto, ele ressalta que as investigações continuam e os envolvidos serão ouvidos nos próximos dias. Ela também afirmou que não pode passar mais detalhes da investigação para não atrapalhar o andamento dos trabalhos.

A perícia técnica esteve no local do acidente e o laudo criminalístico está sendo elaborado pelo Instituto de Criminalística de Araraquara. Segundo informações do órgão, o IC tem 30 dias para apresentar o laudo e o prazo pode ser prorrogado devido à complexidade do acidente.

Sobre as condições da rodovia, o Departamento de Estrada de Rodagem, informou, em nota, que o local está em obra e há sinalização dos trabalhos na pista em todo o trecho, que compreende os km 352,3 ao km 406,7, entre Ibitinga e Borborema. A nota informa ainda que a velocidade máxima permitida no local é de 60 km/h para garantir a segurança dos motoristas. O local passa por recape por isso não há sinalização do solo, de acordo com DER, esse trabalho só é feito no final do recapeamento.

Já sobre a afirmação da testemunha de que o ônibus é que teria invadido a pista contrária e atingido o caminhão, a empresa Jabotur diz que é especulação, até porque no boletim de ocorrência da Polícia Rodoviária teria o depoimento de duas testemunhas que passaram pelo caminhão pouco antes do acidente e disseram que o veículo estava em alta velocidade. A empresa diz ainda que o ônibus estava com toda a documentação, manutenção e equipamentos em ordem.

O acidente
Segundo informações da polícia, o ônibus seguia na Rodovia Leônidas Pacheco Ferreira (SP-304) quando foi atingido por uma carreta que seguia no sentido contrário. O impacto foi tão forte que o ônibus teve a lateral arrancada.

Os passageiros foram arremessados na rodovia e morreram na hora. Após a batida, a carreta, que transportava óleo vegetal, pegou fogo, que foi controlado duas horas depois pelas equipes do Corpo de Bombeiros.

Excursão
Os estudantes e professores da Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto saíram de Borborema na manhã de segunda-feira (27) para participar de uma excursão, onde conheceram pontos turísticos de São Paulo.

Segundo informações da prefeitura, três ônibus com cerca de 110 pessoas foram até a capital. Os outros dois ônibus da excursão chegaram ao destino por volta das 23h de segunda. Como o terceiro ônibus estava demorando para chegar, uma das professoras da escola voltou pela estrada e descobriu o que tinha acontecido.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo lamentou a tragédia. Confira a íntegra:

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo lamenta profundamente o grave acidente registrado na noite desta segunda-feira (27), que vitimou estudantes e funcionários da Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto, de Borborema, quando voltavam de uma excursão à Sala São Paulo, na capital do Estado. O veículo que transportava os passageiros pertence a uma empresa contratada pela Diretoria Regional de Ensino de Taquaritinga. Estão confirmadas as mortes de 11 pessoas (sete alunos, três professoras e uma mãe de aluno). Outros 24 feridos no acidente foram encaminhados às Santas Casas de Borborema e de Ibitinga, e representantes da Secretaria na região foram destacados para acompanhar os atendimentos. A Polícia Militar e o serviço de atendimento de emergência estiveram no local durante toda a noite realizando o resgate. O secretário da Educação do Estado, Herman Voorwald, já se deslocou da capital para a cidade.

VEJA QUEM SÃO AS VÍTIMAS:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: G1