“… ainda escrevi uma música chamada ‘Novidade’, esperando ficar grávida”
Publicado em: 12 setembro 2019 ás 14:51:41
Cantora Sarah Farias concede entrevista e conta sobre a experiência da infertilidade
Por Monique Suriano
“Deixa Eu Te Usar” foi uma música que explodiu no YouTube e já ultrapassa 190 milhões de “views”. Ela é interpretada pela cantora Sarah Farias, que está no TOP 100 Brasil Geral no YouTube, como artista gospel. Outra canção dela que se transformou em “hit” foi a música “Sobrevivi” (mais de 54 milhões de “views”). Nascida em lar evangélico, a alagoana Sarah Farias é membro da Igreja Assembleia de Deus, em Maceió (AL). Casada com Davi Marau e mãe da pequena Ana Vitória, começou a cantar ainda criança. Hoje está com 37 anos e mora em São Paulo. Conheça mais sobre a cantora na entrevista que segue.
CADESC: Você tem uma relação de amor com a CADESC, não é?
Sarah Farias: Pois é (risos). Foi nesta igreja que eu conheci o meu esposo. Estive aqui para cantar quando eu tinha 27 anos, e fiquei hospedada na igreja durante alguns dias, foi quando eu conheci o meu esposo; ele congregava na Cadesc. Nós nos casamos e tivemos uma filha, que hoje está com 4 anos. Então eu tenho um carinho muito grande por esta igreja, pelo pastor José Pedro, e pela pastora Ediná.
CADESC: Qual a música da sua vida?
Sarah Farias: Agnus Dei de Michael W. Smith. Eu ganhei um livro dele quando eu era adolescente, tinha uns 11 anos, e me apaixonei pelo seu ministério.
CADESC: Que cantores te inspiram?
Sarah Farias: O Michael W. Smith e a Darlene Zschech, pastora e ministra de louvor australiana, que são pessoas que eu acompanho desde a minha adolescência. Eu também gosto muito da Ana Paula Valadão. Eu fui batizada no Espírito Santo ouvindo o hino Diante do Trono. Então são pessoas que eu guardo no meu coração.
Qual foi o dia mais feliz da sua vida?
Foi o dia em que eu descobri que estava grávida, porque eu não podia ter filhos. Eu passei quase quatro anos lutando por isso, tentei um tratamento que não deu certo, ainda escrevi uma música chamada “Novidade”, esperando ficar grávida. E depois de três anos, quando eu já estava há 6 meses sem ovular, eu descobri que estava grávida. Foi muito incrível, foi mais ou menos como passar num vestibular muito concorrido, eu nem dormi direito aquele dia. Foi um dia muito feliz, eu nunca esqueço.
Além de cantar, você também prega. Como você faz para estudar a Palavra com essa correria toda?
Eu não consigo estudar hoje com a frequência que eu estudava antes; quando eu não era mãe, quando eu não era casada, antes eu me dedicava muito mais. Não é fácil, é um esforço muito grande, e nem sempre é possível. Mas o bom é que Deus entende quando você se esforça para aproveitar o pouco tempo que tem para estudar a Palavra.
Qual foi o momento mais difícil da sua vida?
Eu tive vários momentos difíceis. Um dos mais delicados foi esse período em que eu lutei para engravidar. Foram tempos muito difíceis pra mim. Quando você descobre que não pode gerar, isso mexe com a sua autoestima, com o seu relacionamento. Você se sente incapaz, você pensa que nunca vai poder dar ao seu marido um filho. Esse período da infertilidade foi muito duro pra mim.
Existe diferença entre o púlpito e o palco?
A música é uma arte; quem canta é um artista. Quando um artista evangélico deixa de ver o púlpito como altar é o começo do fim. Altar é lugar de sacrifício. Eu cantei recentemente no evento mais importante da Secretaria de Cultura de São Paulo. Eu fui a primeira cantora pentecostal a cantar no palco da Praça da Sé. Eu vi aquele palco como eu vejo o púlpito de uma igreja. Ali era um altar público. Nós precisamos ver o púlpito e o palco como um altar. No seu altar particular, é você e Deus, mas no altar público existe uma plateia que Deus colocou ali para ser alimentada através do seu sacrifício. Quando o sacerdote entrava no santo dos santos, ele sacrificava pelo povo, ele tinha que estar em santidade pelo povo. Jesus foi impecável por nós, porque Ele queria conquistar para Deus povos de toda raça, tribo, língua e nação. E nós estamos aqui para continuar aquilo que Ele começou.
Qual foi a maior lição aprendida com Deus até hoje?
A maior lição que eu estou aprendendo com Jesus tem sido olhar para as pessoas como Ele olhava. Não é fácil, mas é possível. Você só precisa se entregar a Ele e ao evangelho puro. Em anos de crente, eu estou aprendendo isso com Jesus agora. Aprendendo a ver as pessoas como projetos de Deus. Outra grande lição que eu aprendi com Deus foi quando uma mãe de santo colocou a mão na minha garganta e me amaldiçoou. Depois eu soube que ela havia feito um trabalho para mim, então eu comecei a orar a Deus pedindo justiça, mas crente quando ora pedindo justiça é porque ele quer vingança. Mas nesse período de oração, Deus me levou para uma passagem que está lá em Marcos, quando Jesus diz assim: ‘Eu não vim para matar a alma dos homens, mas para salvá-las’. Daquele dia em diante, eu nunca mais orei para Deus fazer justiça para ninguém.