Paulo César Baruk diz: “Eu decidi entregar ‘meus pãezinhos’ nas mãos de Jesus”

Publicado em: 31 julho 2018 ás 16:34:55

O cantor fala sobre o início da sua carreira

 

Por Monique Suriano
Cantor, compositor e produtor musical de sucesso da música cristã. Paulo César Baruk tem 22 anos de carreira e mais de dez álbuns gravados. Ele começou na música ainda adolescente, integrando corais, bandas e orquestras como instrumentista. Aos dezoito anos já gravava em estúdio fazendo backing vocal em vários CDs evangélicos. Hoje, aos 42 anos, ele continua se destacando pela versatilidade, poesia e interpretações mergulhadas em sentimento. Confira o bate-papo que a equipe de Jornalismo da CADESC teve com ele e conheça mais sobre esse homem de Deus.

CADESC: Quando foi que você compôs a primeira canção? Qual foi?

Paulo César Baruk: Eu acho que eu compus a primeira canção numa gincana de Escola Bíblica Dominical da minha igreja, com mais ou menos 17 anos de idade. Eu lembro que foi ruim, mas não lembro qual foi a canção (risos).

CADESC: E depois que você começou a compor canções, qual foi o seu maior desafio?

Paulo César Baruk: O meu maior desafio foi acreditar que Deus pudesse usar coisas tão simples; porque tudo o que eu compunha era muito simples. Eu achava que as canções eram uma coisa só minha, para eu derramar o meu coração diante do Senhor, mas com o tempo eu fui começando a acreditar que Deus poderia utilizá-las para o reino. Aquela passagem bíblica do menino com cinco pães e dois peixinhos me marcou muito com relação a isso. O que ele tinha nas mãos era pouco também, e eu me contextualizei nisso. Entendi que enquanto os cinco pães e dois peixinhos estavam na mão do garoto, era pouco mesmo, mas fez toda a diferença quando entregues nas mãos de Jesus. Eu decidi entregar ‘meus pãezinhos’ nas mãos de Jesus.

CADESC: E hoje, o que você sente quando percebe que tem uma multidão de pessoas cantando e se emocionando com as músicas que você fez?

Paulo César Baruk: É um milagre. Eu era um cara que cantava as minhas músicas no meu quarto e nem achava elas tão bonitas. Se elas alcançam outras pessoas eu só posso rotular isso como um milagre. A maior parte das minhas músicas tem caráter mais reflexivo e uma delas foi tema de vestibular numa universidade. Eu fiquei muito surpreso e pensei como Deus é poderoso para fazer uma música evangélica ir além das paredes da igreja. E, sinceramente, esse é o meu sonho, que a minha música não tenha barreiras, que ela fale com quem está aqui dentro, mas fale de maneira clara com quem está lá fora. Porque quem está aqui dentro, de certa forma, já conhece a Jesus. O meu sonho é que Ele também se revele através das minhas canções para quem está lá fora, para quem está perdido. Ele é a luz do mundo e eu quero que a minha música seja usada para iluminar a vida das pessoas. O mundo está um caos, o mundo não tem esperança. Eu não posso me contentar com o aspecto de que a minha música fale só dentro da igreja, Deus pode mais que isso.

Como surgem as suas canções?

É pela graça de Deus. Sou totalmente dependente d’Ele. Compor para mim tem a mesma função da máquina na mão do fotógrafo. A música é como uma fotografia de áudio. Ela pode surgir de um momento a sós com Deus, ela pode surgir depois que eu leio a Bíblia, a história da vida de alguém pode me inspirar uma canção. As formas são diversas; as vezes vem só a música, as vezes vem só a letra. Eu não me sinto um compositor profissional, aquele cara que senta para compor uma música. É um talento, mas eu não tenho essa capacidade, então eu sigo na dependência do Senhor.

Existe a música da sua vida?

Não tem uma só. Em cada momento da minha vida eu tive uma música que marcou. Mas geralmente são músicas de outras pessoas que me tocam mais. As minhas músicas só começam a ganhar mais força para mim quando eu percebo que elas estão tendo uma ação na vida das pessoas. Tem uma música minha que se chama ‘Senhor do Tempo’. É impressionante como as pessoas dizem que ela tem tudo a ver com a vida delas. Hoje, quando eu ouço ou canto essa música, ela não parece que saiu de mim. Mas eu posso destacar aqui a música ‘Riqueza’, do Álvaro Tito, que me marcou muito. A abordagem poética que ele tinha do evangelho ganhou meu coração. Mas eu não sou do tipo saudosista, que pensa que só os cantores do passado foram fera, eu acho que tem uma galera de hoje que manda muito bem.

Você já escreveu uma canção, que só foi fazer sentido na sua vida depois de um tempo?

Sim. Eu só não posso escrever uma mentira, mas eu posso escrever, por exemplo, uma não realidade que seja um desafio para eu alcançar.  Eu não posso me limitar a cantar apenas a minha realidade. Eu preciso cantar a realidade de Deus para o ser humano. Muitas vezes eu cantei a Palavra de Deus e depois de um tempo eu percebi que estava cantando para mim mesmo. Isso acontece sim.

Como você lida com a fama já que se considera uma pessoa tímida?

A gente vai ficando velho e vai ficando mais corajoso (risos). Eu sempre tive dificuldade em acreditar que eu tivesse fama. Eu sempre me surpreendia com as pessoas que queriam tirar foto comigo, eu não acreditava que era comigo. Eu tento desmistificar, porque eu acho que existe uma questão de demanda reprimida. Quanto mais inacessível, maior o desejo das pessoas de estarem perto de você. Eu não encaro essa questão de tirar foto como idolatria, tem muita gente que pensa assim. Eu acho que é o desejo da pessoa em guardar uma lembrança boa de você. Fama, sucesso é uma consequência, não é um objetivo.

Nós acabamos de participar de um Congresso Jovem onde a proposta é falar sobre a graça de Deus. E você já lançou um CD só falando desse tema: o álbum “Graça”, lançado em 2014. O que é a graça de Deus sob a sua perspectiva, como ela se explica na sua vida?

A graça de Deus me lembra que tudo o que eu recebo, eu recebo sem nenhum mérito. A graça é o inverso do mérito, ela descortina a nossa hipocrisia. A história do filho pródigo revela muito sobre a graça de Deus. Nessa passagem, os dois filhos estão perdidos. Quando o filho que estava fora volta, é como se o pai dissesse para ele: ‘Eu não acumulo débitos, entra que a festa é sua’. E quando começa a festa, o filho que estava dentro vai reivindicar os seus créditos.  Mas é como se o pai respondesse: ‘Eu não acumulo débitos e também não acumulo créditos, tudo o que eu dou a vocês, eu dou de forma graciosa’. Então a graça se revela assim para mim, ela me livra desse meu senso de mérito. Porque não há nada que a gente faça diante de Deus, que produza em nós algum mérito. Diante de Deus, só a graça.