Mulher morre após esperar 14 dias por cirurgia no DF; polícia investiga

Publicado em: 12 dezembro 2014 ás 14:38:39

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga mais uma morte por suposto descaso na rede pública de saúde: uma mulher de 53 anos morreu nesta quinta-feira (11) no Hospital Regional de Taguatinga, após esperar por mais de duas semanas por cirurgia para corrigir uma fratura na perna esquerda. Filho da vítima, o comerciante Paulo Henrique Constantino afirma que houve negligência médica. A Secretaria de Saúde nega e diz que deu toda assistência à paciente.

“Com certeza, foi negligência. Às vezes eu ia à enfermaria à noite procurar um medicamento e não encontrava ninguém. Só depois de três dias que foram botar soro nela”, afirma o comerciante. Ele conta que a mãe, Maria Isabel de Jesus, chegou à ala de ortopedia do hospital no dia 26 de novembro, quando já se deparou com a falta de profissionais na unidade.

Ainda segundo Constantino, uma cirurgia foi marcada para o dia 3 de dezembro e cancelada em seguida. “Alegaram que botaram outra pessoa na frente dela. Eu acho que isso é um absurdo. Minha mãe chegou com o fêmur quebrado e saiu de lá no carro do IML”, diz. Maria Isabel morava em Petrolina, em Pernambuco, e estava no DF havia cerca de 20 dias para cuidar do neto.

A Secretaria de Saúde afirma que Maria Isabel não foi operada por causa de complicações cardíacas. O laudo do Instituto Médico Legal fica pronto em 30 dias.

As investigações são conduzidas pela 12ª Delegacia de Polícia. Segundo a ocorrência, o quadro clínico de Maria Isabel piorou quatro dias antes da morte, com sintomas de náusea e dificuldade de evacuação. Ainda de acordo com a polícia, exames e procedimentos de protocolo foram realizados após o agravamento do estado de saúde da vítima. O motivo do cancelamento da cirurgia não aparece na ocorrência.

Caso semelhante
A corporação também investiga as circunstâncias da morte de uma menina de 7 anos que, relatando fortes dores na barriga e na garganta, não teria recebido atendimento de plantonistas do Hospital Regional de Ceilândia e do Samu. O padrasto, o ajudante de eletricista Francisco Nascimento, diz que a mãe levou a criança ao local na noite de segunda e ouviu que deveria procurar outra unidade, porque não havia médico. A Secretaria de Saúde afirma não ter registro da chegada da garota ao local.

De acordo com a família, Yasmin da Silva Monteiro começou a reclamar de dores na madrugada de segunda. “Minha princesinha começou a sentir dor, um incômodo no estômago dela. Minha esposa a levou ao hospital por volta das 15h. Não veio um médico, uma enfermeira ao menos para dizer que não tinha médico. Não viram cara de médico nem de enfermeiro para dar informação. Foram os próprios pacientes que disseram que não tinha pediatra e [nos] recomendaram ir a Taguatinga”, conta o ajudante de eletricista.

As mortes ocorreram em meio a uma crise financeira do governo. Servidores da Saúde e da Educação receberam os salários com atraso e chegaram a fechar a via em frente ao Palácio do Buriti por dois dias seguidos em protesto contra a situação. O Executivo alegou que a baixa arrecadação provocou a situação, mas disse que todas as dívidas serão quitadas.

Além disso, na saúde, o governo decidiu remanejar R$ 84 milhões de convênios com o governo federal – incluindo o fomento a programas de combate e prevenção a doenças como dengue e Aids, que apresentaram indicadores ruins neste ano – para pagar dívidas com fornecedores e reabastecer a rede pública da capital do país com medicamentos e materiais hospitalares. Um levantamento feito por técnicos estima que o rombo da pasta seja de R$ 150 milhões.

 

Fonte: Gospel +