“Fazer sem ser tem pouca valia no reino de Deus; você precisa ser para fazer”

Publicado em: 13 abril 2016 ás 16:40:38

Disparou o pastor Enoque Vieira durante ministração de encerramento da II EBOM na CADESC

 

Por Monique Suriano

Ficou a cargo do pastor Enoque Vieira, a ministração da palestra que encerrou a II Escola Bíblica de Obreiros e Membros realizada pela Catedral das Assembleias de Deus em Santa Cruz, sob a direção do pastor José Pedro Teixeira, no dia 29 de março. O pastor Enoque é o 2º vice-presidente da Igreja Assembleia de Deus de Campinas – GO, presidida pelo pastor Oídes José do Carmo. Com boa desenvoltura e vasto conhecimento bíblico, ele conquistou os ouvintes com sua mensagem forte, de confronto, e auto reflexão.

Usando texto de 1 Tm 4, ele iniciou falando sobre a fé cristã e sobre a igreja contemporânea. “A gente precisa honestamente admitir, que se não houve um desvio que levou seguimentos que revindicam ser igreja para longe da perspectiva bíblico-cristã, no mínimo ela está esvaziada hoje enquanto conceito e enquanto verdade […] Não é a liderança que faz a igreja, é por existir a igreja, e por sermos igreja, que nela Deus nos fez líderes e obreiros para o serviço do Senhor. A igreja é agência de Deus na terra. Só a igreja tem a mensagem que o mundo precisa ouvir, Deus não tem outra agência na terra para cumprir esse papel, se não a igreja que Ele comprou com o seu próprio sangue”, enfatizou.

O pastor Enoque foi conciso na explicação de que Deus deseja primeiramente o obreiro, e só depois o trabalho do obreiro. “Paulo foi quem tomou o maior tempo e se preocupou em delinear mais claramente as questões ligadas ao ministério. E nós vamos perceber, não só na carta a Timóteo, mas em toda a Bíblia Sagrada, que Deus se preocupa primeiro comigo e depois com o meu serviço na obra. Deus se preocupa muito com o que você é. Fazer sem ser tem pouca valia no reino de Deus; você precisa ser para fazer. O que eu sou vai refletir naturalmente no que eu faço […] Não há privilégio algum que não traga consigo a mesma medida da responsabilidade. Quem deseja o cargo precisa botar o ombro sob a carga. Tem muita gente querendo cargo, mas não quer a carga do ministério”, afirmou.

Usando o exemplo de Moisés, o pastor Enoque apresentou novas perspectivas de textos muito conhecidos na igreja. “Quando o cajado de Moisés se transformava em cobra, significava que o modo como você usa o cajado determina se o cajado será instrumento de serviço ou serpente venenosa […] Os que vivem do altar precisam viver para o altar. Quem vive do evangelho precisa viver para o evangelho. E o instrumento de trabalho do obreiro é a Palavra de Deus […] O texto diz em Nm 20.10: “porventura tiraremos água desta rocha para vós?”. Quem botou na cabeça de Moisés que era ele quem tiraria a água da rocha? Seria Deus. Naquele momento ele reivindica para si uma glória que era específica de Deus, e a partir dali Deus diz: ‘prepara Josué, porque você não entra mais lá’’, disse o pregador.

O palestrante também aproveitou a oportunidade para falar sobre vocação ministerial. “Deus tem dons específicos para cada um de nós. Quem não sabe o porquê viver, dificilmente suportará o como viver. Muitas vezes nós deixamos de perceber qual a nossa vocação, porque existem funções que dão mais ibope, mais holofote. Mas como obreiro, o que vai determinar o nosso galardão no céu é aquilo que só Deus vê. Paulo diz a Timóteo: ‘Aviva o dom que há em ti’. Ele estava dizendo: descubra qual a sua área de maior facilidade, porque não basta fazer o que gosta, é preciso gostar do que faz. Se ocupe com as coisas específicas do seu ministério”, orientou.

Ao dizer que a vida do obreiro é muito mais significativa para Deus que o seu ofício prestado, o pastor Enoque arrancou brados de vitória dos ouvintes quando esclareceu a passagem descrita em Mateus 7.21-23. “O perigo que o evangelista Mateus registrou foi que muita gente vai chegar lá no céu batendo à porta e alguém lá de dentro vai responder: ‘Quem sois?’. Olha a ênfase no verbo ser. Eles diziam: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?’. Eles tentavam forçar a porta do céu pela folha de serviço prestado. Mas lá de dentro alguém continua perguntando: ‘Quem sois?’. A questão é que naquele momento não importava o quanto se tinha feito, e sim quem se era. O texto deixa subentendido que é possível ocupar-se com as coisas de Deus, realizar coisas em nome de Jesus vivendo em iniquidade, e ficar fora do céu”, garantiu.

De acordo com o pastor Enoque, o entretenimento tomou o lugar do conhecimento nas igrejas. Para ele, a maioria dos crentes substitui instrução por distração. Ele também falou que o caráter do cristão é expresso no seu comportamento. “Onde eu estiver, tudo o que eu fizer, eu farei na presença de Deus. Pecados secretos na terra são escândalos públicos nos céus […] A igreja não tem o dever de mudar o mundo, mas enquanto estivermos no mundo, precisamos influenciar onde quer que estejamos e deixar de ser igreja só aos finais de semana. Jesus não fica trancado aqui na igreja não. Ele só veio porque você veio. Ele não mora aqui no templo, ele mora em você!”, assegurou.

Antes de finalizar a palestra, o pastor Enoque ainda discorreu sobre duas importantes passagens bíblicas. A primeira está registrada em Mc 5 e fala sobre o jovem de Gadara, que tinha uma legião de demônios. “No versículo 18, o endemoninhado está liberto e pede para seguir Jesus. No versículo 19 Jesus disse para ele: ‘Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez…’. Sabe o que Deus estava dizendo para ele: ‘A única maneira de eu permanecer em Gadara é na tua vida, fica aí!’. E a segunda passagem que ele mencionou foi Êx 12.7, que diz: ‘E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem’. A passagem fala da noite em que os primogênitos do Egito seriam mortos na última praga antes da libertação do povo. “O sangue por si só não garantia proteção nas casas dos hebreus. O sangue só garantia proteção nas casas onde as pessoas comeram o animal. Não adiantava pegar o sangue emprestado, tinha que comer o cordeiro com erva amarga. O problema é que hoje a Bíblia virou uma caixinha de bombom, cada um pega o que mais lhe apetece”, argumentou.

O pastor Enoque Vieira terminou deixando orientações importantes para os obreiros. “Nós nunca chegaremos a uma comunidade cristã amadurecida, se nós líderes não nos oferecermos como referencial. O ensino de Jesus é calcado no exemplo. Tem líder que apresenta o seu carisma na multidão e esconde o seu caráter no anonimato. Deus está nos dizendo hoje que nós precisamos retornar ao ensino das Escrituras Sagradas. Que nessa hora final da igreja nós venhamos a assumir o nosso lugar e nos tornarmos bons ministros ensinando as Escrituras lenta e progressivamente”, concluiu o palestrante.

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Por Josué Costa