“E agora? Você terá coragem ou não?”

Publicado em: 11 maio 2016 ás 17:37:01

O pastor Marcio Peixoto contou que foi indagado por Deus, depois de ver o filho morrer dentro do carro. Ele nunca teve coragem de orar por um morto, mas dessa vez, era o filho, então ele orou, e a criança ressuscitou

 

Por Monique Suriano

A Equipe de Jornalismo da CADESC aproveitou a vinda do pastor Marcio Adriano Peixoto para as ministrações do 3º Congresso de Missões da Catedral das Assembleias de Deus em Santa Cruz (CADESC) e fez uma entrevista para conhecer mais sobre a sua história de vida e chamada ministerial. Marcio Peixoto é psicólogo e pastor da Igreja Assembleia de Deus na cidade de Capela, no estado de Alagoas. Ele abandonou a carreira militar para viver exclusivamente da obra de Deus e viveu muitas experiências marcantes, como a morte e ressurreição do filho dentro do carro, enquanto dirigia em busca de socorro. Confira.

CADESC: Como foi que o senhor se converteu?

Marcio Peixoto: Eu não tive a oportunidade de nascer em um lar evangélico, pelo contrário, eu fui um jovem, do início dos anos 90, muito rebelde. Eu fui expulso de casa aos 15 anos. Meu pai já não me suportava mais, na época eu estava envolvido com drogas, álcool, enfim, vivia uma vida muito conturbada. Mas eu sempre gostei de estudar, de fazer concursos, nunca me apartei dos livros. Até que eu consegui passar para o Curso de Formação de Oficiais (CFO) da Polícia Militar. Durante o curso, a minha esposa engravidou e essa gravidez mudou toda a minha vida. Em seguida, ela se converteu e começou a orar por mim. No mesmo ano, eu conheci a Jesus. No ano seguinte, eu fui consagrado a obreiro auxiliar, depois a diácono, e já comecei a dirigir a minha primeira congregação no interior da cidade. Foi uma chamada muito radical na minha vida, Deus tinha pressa.

CADESC: Como foi que o senhor recebeu o chamado missionário?

Marcio Peixoto: Eu tinha 25 anos e estava me preparando para sair da academia de Polícia Militar como 2º tenente. Eu me lembro que era a madrugada de uma quinta-feira, eu estava retornando de uma noite muito violenta, houve uma briga enorme em um show. A Academia de Polícia de Alagoas, Senador Armando Melo, fica de frente para o mar, e naquela madrugada eu não conseguia dormir. Eu estava ali, fardado, armado, olhando o mar, quando Deus me chamou para viver do altar. A proposta de Deus foi essa: “Abandona tudo e confia em mim”. No dia seguinte, eu pedi o afastamento e eles me deram 30 dias para pensar. Porque na academia nós éramos 153 homens e havia um esforço muito grande entre a gente para ficar entre os três primeiros. Por ser muito bom de tiro, eu tinha uma grande vantagem, era o número 8 da turma. Mas eu fui para casa, e, no dia seguinte, estava de volta com a farda e carteira de polícia na mão. Abandonei a carreira militar para viver do altar. E daí em diante eu passei por muitas provações, mas o Senhor sempre cuidou de nós.

CADESC: Nessa época o senhor já pastoreava igreja?

Marcio Peixoto: Não. Eu já estava pregando, recebendo muitos convites, mas ainda não pastoreava. Foram sete meses, desde que eu saí da polícia até o momento em que eu comecei a viver do altar. Foi nesse período que eu conheci a palavra provação, em todos os sentidos. Não tinha quase nada em casa, e eu não tinha mais a quem recorrer, só a Deus. Depois desse período, Deus cumpriu a promessa e eu recebi o convite para pastorear uma igreja.

Quais foram as experiências mais marcantes que o senhor vivenciou no campo missionário?

Foram inúmeras experiências, mas posso destacar as três principais. A primeira foi quando eu cheguei a casa, depois de ter abandonado a polícia, sem dinheiro nenhum, e a minha filha, bem pequena na época, veio correndo e disse: “Papai! quero leitinho”. Eu perguntei a minha esposa, e ela disse que tinha acabado. Então eu pedi para a minha esposa fazer um chá de hortelã e colocar na mamadeira dela. Eu peguei aquela mamadeira e, chorando, eu orei ao Senhor pedindo que aquele chá se transformasse em leite para a minha filha. Ela tomou tudo e quando acabou disse: “Mamãe! Tem mais leitinho?”. No dia seguinte eu acordei mais cedo e fui a uma consagração, eu tinha orado a noite toda e fui buscar respostas de Deus. Naquele dia uma irmã chegou até a mim, sendo usada por Deus, e disse tudo o que havia acontecido na noite anterior e que havia sido Ele quem tinha transformado chá em leite para a minha filha. Foi uma experiência muito forte para mim.

A segunda experiência foi inesquecível. O meu filho era pequeno e tinha graves problemas pulmonares. Ele estava sentenciado a usar corticoide a vida inteira. Mas um dia ele começou a passar mal em casa, foi ficando sem ar e nós corremos para o hospital mais perto. Eu tinha um carro velho, que não andava nada, mas eu forcei o motor e estava correndo desesperado. De repente, ele foi ficando sem cor, muito fraco. Ele disse para minha esposa: “Mãe, eu te amo”, depois apertou o meu braço e disse: “Pai, nunca pare de pregar”. Em seguida ele morreu nos braços da minha esposa. Ela é enfermeira, buscou o pulso, e não tinha mais. Eu sempre tive vontade de orar para Deus ressuscitar defunto durante os velórios, mas nunca tive coragem. Naquele momento Deus disse para mim: “E agora? Você terá coragem ou não?”. Eu coloquei uma das mãos no peito do meu filho, com a outra continuei dirigindo, e comecei a clamar. Minutos depois ele abriu os olhos e disse: “Pai! Pode voltar para casa, porque Jesus me visitou”.

A terceira experiência marcou a minha vida no reino espiritual. Eu estava indo pregar em um evento, e o motorista que estava me levando perdeu o controle do carro. Se você me perguntar como escapamos, eu não vou saber responder, porque tudo dizia que nós havíamos morrido, mas eu não sofri nenhum arranhão. Depois continuamos a viagem e eu preguei a Palavra de Deus naquela noite. Dois dias depois, eu estava ministrando em uma igreja, quando, de repente, uma jovem ficou possessa de demônios. Então eu pedi aos diáconos que a tirassem dali e a levassem para um lugar reservado, onde pudessem expulsar aquele demônio; assim eu poderia continuar ministrando. Quando acabou a pregação, os diáconos me informaram que a jovem continuava possessa. Eu fui até ela e começamos a orar, naquele momento eu percebi que uma legião de demônios havia se apossado dela. Ela estava deitada, em determinado momento, ela cravou as unhas no meu sapato, sorriu, e disse assim: “Fomos nós quem preparamos aquele acidente para acabar com a sua vida, mas quando nós íamos dar o golpe fatal, o homem lá de cima não deixou, Ele disse que ainda tinha promessas para cumprir na sua vida”. Nós continuamos orando até que os expulsamos. Essa experiência me fortaleceu muito, me fez entender que as promessas de Deus são grandes para a minha vida. Naquele momento eu tive a certeza de que nada interrompe o plano que Deus tem para as nossas vidas. Eu sou testemunha disso.

Em sua opninião, um pastor em exercício, pode ou não exercer outra profissão paralelamente?

É uma pergunta muito complexa, porque existem ministérios que não têm condição alguma de sustentar a família pastor. A população de Alagoas, por exemplo, é muito pobre. Eu já vi pessoas desmaiarem de fome na minha casa. Paulo chegou a dizer que precisou trabalhar (fazendo tendas), para não ser pesado aos irmãos. Se a igreja não pode oferecer o suporte que o pastor precisa, ele deve, sim, trabalhar. Talvez ele não consiga render tanto no exercício pastoral, mas nossas vidas são feitas de fases; uns plantam, outros regam, e Deus dá o crescimento. Eu acredito que seja apenas uma fase, porque logo Deus dará condições para que esse pastor trabalhe somente no reino. Há mais de 20 anos eu vivo só do altar, mas não foi assim no início.  Uma coisa eu digo com muita convicção, Deus cuida da gente, de fome ninguém morre. Você pode até não comer o que gostaria, mas de fome você não morre. Deus ainda tem urubus para cuidar de profeta, eu creio nisso.

Que conselho o senhor deixaria para os jovens que possuem uma chamada missionária?

Um dia, Paulo disse a Timóteo, seu filho na fé, foge das paixões da mocidade e fortifica-te na fé e na graça que está no céu. Eu acredito que nós somos a geração do arrebatamento, eu não creio que vou morrer, eu não creio que haverá outro povo, outra geração. Quando olhamos para a vida de Paulo vemos que ele foi apedrejado, chamado de tagarela, escorraçado, naufragou três vezes, desceu pelo muro para não morrer, apanhou com varas… E um dia eu perguntei ao Senhor: “Que bom combate é esse que Paulo diz que combateu?”. E Deus disse que “o bom” é a presença da companhia de Deus. Quando Deus está conosco, tudo fica bom. Para aqueles que têm um chamado, eu digo: abrace o seu chamado, porque Deus cuida, e cuida bem, pode ter certeza disso.

O que o senhor achou da CADESC?

Se eu pudesse achar uma expressão, eu usaria, sem modéstia, a expressão usada pela rainha de Sabá. Não me disseram nem a metade sobre essa igreja; uma igreja receptiva, uma igreja inteligente para ouvir a mensagem, e, acima de tudo, uma igreja muito espiritual. O censo de visão e a organização do pastor José Pedro são impressionantes. Ele é um visionário, um homem além do seu tempo. Uma das coisas que agrada a Deus é ter essa visão de querer sempre o melhor para casa de Deus, e ele tem isso. Deus disse a Abraão: “Engrandecerei o tem nome…” e faz seis mil anos que a gente fala de Abraão. Não é a mídia, nem a TV, nem o rádio, é Deus que faz isso. Deus olhou para o pastor José Pedro e resolveu engrandecê-lo.  Espero um dia poder retornar a essa igreja.