“A igreja é lugar de esperança, é lugar de fé, mas a gente precisa restaurar a essência de Cristo que é o amor”

Publicado em: 27 abril 2018 ás 16:40:53

Declara o cantor Geraldo Guimarães em entrevista à CADESC

 

Por Monique Suriano

A equipe de Jornalismo da CADESC entrevistou o cantor e pastor Geraldo Guimarães durante o 5º Congresso de Missões, nos 21 e 22 de abril. Baiano, casado, pai de dois filhos e dono de uma voz firme, Geraldo Guimarães sempre traz em suas ministrações uma palavra agregada à música. “Inédito de Deus” é o título do seu último CD gravado. Confira a entrevista e conheça mais sobre ele.

 

CADESC: Todo cristão é um missionário, ou o crente precisa ter um chamado específico para fazer Missões?

Pr. Geraldo Guimarães: Existe a questão do sacerdócio consagrado, que é para um serviço específico. Mas a Bíblia diz que todos nós recebemos o sacerdócio universal para o cumprimento de uma missão, o que faz de cada um de nós um missionário.

 

CADESC: Como foi que Deus o chamou para o ministério?

Pr. Geraldo Guimarães: Eu sou filho de pastor e na minha família existem sete pastores. Eu e meus irmãos começamos a nos envolver com os serviços a igreja pela necessidade da obra. Toda vez que meu pai ia à igreja, toda a família ia junto. E com isso, cada um de nós acabou se envolvendo com uma área da igreja. Coube a mim, durante uma época, o envolvimento com os adolescentes, depois com os jovens, mas o que prevaleceu mesmo foi a questão do louvor.  Mas eu nunca sonhei em ser cantor quando criança, eu comecei a cantar para servir à igreja, não por uma vocação. Já na juventude, aos 18 anos, eu senti vontade de ser cantor, mas naquela época não aconteceu. O tempo passou e quando eu já estava com a minha vida estruturada profissionalmente, casado, pai de dois filhos, esse despertamento veio novamente, isso foi há cerca de seis anos atrás, mas eu já não queria isso para minha vida. No entanto, eu abri mão e segui o chamado de Deus. Hoje eu vivo financeiramente com menos do que eu vivia com a minha empresa, mas hoje eu vivo mais realizado diante de Deus com o meu ministério que antes.

 

CADESC: Como é a experiência de compor uma canção?

Pr. Geraldo Guimarães: É maravilhosa! Eu componho pela Palavra. No meu caso, eu componho pela escrita e vou buscar a melodia ideal para transmitir aquela palavra. Meu compromisso com a missão de Deus me faz escrever e priorizar mais aquilo que vai ser cantado, do que com a melodia em si. Não estou tão preocupado com a questão poética, melódica, mas principalmente em transmitir uma mensagem. Quando eu desejei falar acerca do não merecimento da bênção de Deus sobre o homem, eu resolvi cantar Maravilhosa Graça. Eu nunca vivi uma experiência de estar tomando banho e Deus me deu uma canção. Para mim foi sempre sentar e dizer: eu preciso falar isso. A canção para mim é isso, transmitir a Palavra de Deus.

CADESC: Qual é a característica que você mais ama em Cristo?

Pr. Geraldo Guimarães: O amor. Ele teve a oportunidade de expor, de julgar, de condenar, mas ele manifestou amor. Ele abriu mão do trono, da glória, deixou a eternidade para se tornar mortal, e por amor manifestou na nossa vida graça. Ele poderia, sem pecado, e debaixo de um legado de autoridade, gastar mais tempo apontando o dedo, mas se você for ler toda a trajetória de Jesus você vai perceber que em poucos momentos Ele apontou o dedo, e na maioria das vezes Ele estendeu a mão, Ele abençoou, Ele transformou. A obra de Jesus sempre foi completa, muito além do que a gente espera. Então para mim essa característica de Jesus é maravilhosa. É fato que um dia ele virá para julgar e é bom que a gente tenha aceitado primeiro o amor, para não ficar só com o juízo depois (risos). Mas a maior característica de Jesus na terra é o que a igreja deveria ter. A igreja é lugar de esperança, é lugar de fé, mas a gente precisa restaurar a essência de Cristo que é o amor. Na primeira carta de Paulo à igreja de Corinto, no capítulo 13, versículo 13, diz assim: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor. Porém o maior desses é o amor”.

CADESC: Como você administra a fama e seus milhares de seguidores nas redes sociais?

Pr. Geraldo Guimarães: Para início de conversa eu já reiniciei meu Facebook e Instagram. Quando eu tinha 100 mil seguidores no Facebook aconteceram algumas situações em que muitos papos não valiam a pena e eu abri mão, assim como hoje continuam não valendo a pena nas redes sociais. Se você não tomar cuidado a sua missão deixa de ser a original e passa a ser alimentar o desejo e expectativa daqueles que te acompanham nas redes sociais. O meu ministério não é virtual, é físico. Por exemplo, hoje eu ministrei numa igreja de manhã e houveram conversões, algumas reconciliações, algumas decisões por batismo. Eu não tenho foto disso, não publiquei, não tem comentário. Mas eu me satisfaço em me perceber útil nesse momento. As vezes a pessoa está mais preocupada em demostrar para as pessoas uma realidade que ela não vive e por isso investe mais na questão da visibilidade nas redes sociais do que na verdade do altar e do ministério. E com essa minha postura eu posso caminhar tranquilamente sem bajulação, sem fila para tirar foto, sem autógrafos, sem Fã Clube. Eu prefiro encarar o silêncio dos homens, mas continuar ouvindo a voz do céu, do que caminhar debaixo de elogio e de aplausos na terra, mas ouvindo o silêncio do céu. Então eu me recuso a fazer questão do reconhecimento das pessoas. Essa é uma experiência minha, que me fez mal, quem quiser comprar seguidor, comprar curtida, que o faça. Mas fama é uma palavra que eu não me agrado muito. Sucesso para mim é fazer alguma coisa na terra, que o céu aprove. Ainda que na terra alguém não goste. Eu não quero cantar algo que todo mundo aplauda, mas que não tenha sentido algum no mundo espiritual. Para mim essa questão de sucesso, fama e reconhecimento é muito perigosa.

 

CADESC: Qual o seu maior sonho na vida?

Pr. Geraldo Guimarães: O meu maior sonho é poder contemplar a geração dos meus filhos. A gente vive num tempo muito imediatista e às vezes nos esquecemos que Deus é um Deus de gerações. Eu vejo muitos altares hoje pregando a solução da circunstância. Mas eu tenho visto poucas pessoas preocupadas em projetar os filhos, os filhos dos filhos. Eu profetizo acerca do ministério e do casamento dos meus filhos agora, enquanto eles ainda são crianças. Porque eu entendo que se Jesus não voltar eles serão necessários para que sejam usados por Deus na sua geração. Eu quero ver meu filho e minha filha indo além do que eu fui. Quero vê-los recebendo uma revelação além da minha e fazendo o que eu não consegui fazer. Esse é o meu propósito, porque eu até me perdoaria se eu falhasse no meu discipulado fora de casa, mas eu não me perdoaria em falhar no discipulado dentro da minha casa. Os meus primeiros discípulos dormem na minha cama e no quarto ao lado. Meu maior sonho é ver meus filhos indo além do que eu fui.